quarta-feira, 30 de dezembro de 2009



Gosto de te ver passar
me deixando inquieta
meio sem juízo

Gosto de te ver chegar
arrepiando minha pele
e me arrancando suspiros

Gosto de te ter bem perto
me confundindo
e levantando meu vestido



Queria por um instante ser o vento
e balançar teu cabelo levemente
Carregar no ar o perfume da vida
e misturar estrelas sob teu céu
Varrer a estrada onde teus pés alcançam
e te acariciar a cada fechar de olhos


E quando o dia se faz noite pousa sobre o ser o manto da saudade.
E no silencio profundo dos minutos um rosto invade o peito.
Os dias se agrupam num torrencial de lembranças deixando à mostra uma cicatriz na pele marcada pelo desengano.
Os olhos presos ao infinito tentam resgatar o brilho ofuscado pelo tempo.
No alto brilha uma estrela solitária e no abismo do peito bate descompassado um coração.


Menina que brinca
na areia da praia
e faz seus castelos
como se fosse princesa
Recolhe conchinhas
e pula nas ondas
namora com o sol
e sorri pros peixinhos
Menina faceira
com biquíni rosinha
de corpo salgado
e areia nos pés
a vida é uma festa
quando corre na praia
e o mar é mais lindo
com sua presença

domingo, 27 de dezembro de 2009


Troca-se dias cinzas por romper de auroras
Troca-se tristezas antigas por novos amores
Troca-se lágrimas amargas por doces sorrisos
Troca-se a solidão pelo calor de um abraço
Troca-se amarguras pelo brilho da noite
Troca-se o vazio das horas por sussurros da vida
Troca-se certezas velhas por novos desafios
Troca-se a água parada por dias de mansa chuva
Troca-se tudo o que causar dor por qualquer alegria
Troca-se um ano velho por um novinho em folha

Só a saudade que não se troca
e por mais que doa deverá permanecer
enquanto houver amor e vida

sábado, 26 de dezembro de 2009



Um lápis brinca sobre a folha branca
desenhando palavras que explodem
como flutuantes bolhas de sabão
Na ponta dos dedos o crepitar da saudade
feito faíscas que dilatam os olhos
Na linha do horizonte um pássaro pousa
levando consigo esperança e sonhos
No coração o lápis agora escreve
e deixa para sempre a palavra amor

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009



Queria escrever um poema
Com virgens palavras
Com gosto de frutas
E cheiro de mato

Um poema de flores
Com ares de festa
Com vento de mar
E brilho de estrelas

Queria escolher as palavras
Com dedos de fada
Com olhos de céu
E suspiro de amantes

Queria um poema de beijos
E borboletas azuis
Um poema dançante
Iluminado por Deus

Queria escrever um poema único
E entregar em tuas mãos




Eu me dispo de tudo o que é meu
Eu me abro feito vala funda e você me vê inteira
Eu arranco máscaras e mostro minhas feridas
E você me lambe e me acaricia
E você me pega e me transpassa sua lança
E você me ama
E eu te mostro meu avesso e meu lado insano
E eu te vejo todo e sem nenhum mistério
E eu te trago inteiro e sem nenhuma reserva
E você me inunda


Meu coração pintou-se de esperança e ousa acreditar que a vida é bem mais do que um borrão de tinta.
Dois olhos profundos me dizem que devo sonhar e acreditar em meus sonhos.
Tenho sonhado tanto ultimamente.
Sonhos tão lindos com águas tão claras e transparentes. Com praias e areias brancas e pássaros que voam no infinito do céu azul. Sonhos que são como mensagens que me dizem que o tempo é o melhor amigo e cura todas as dores e que é preciso acreditar e ter paciência. Por hora é só isso, acreditar e ter paciência, entregar tudo mais ao tempo e deixar que ele se encarregue de ajeitar tudo.
Terei de ser paciente e ajustar-me às leis da sobrevivência.


O amor pode ser tempestade
navalha de fio afiado
um tiro certeiro no peito
uma forca de nó apertado

Uma faca amolada
um soco no estomago
o amor às vezes
pode ser uma cilada

Ou não!!!


Quando vi você
meu olhos brilharam tanto
que a noite se fez dia
e o brilho das estrelas foi ofuscado
pelo brilho de meus olhos

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Dona morte chega sem aviso

Falar sobre a morte não é difícil, difícil é encará-la, ficar frente a frente, ter um encontro inesperado com ela num dia em que tudo corre normal e andamos pela rua, desavisados de sua presença.
Descrever o sentimento de dor diante da perda definitiva é até possível, desde que este sentimento não esteja latejando em nosso peito e ruminando nossa alma, transformando o coração em estilhaços.
Já senti muitas dores, dores que me consumiram, que me fizeram ínfima e dilacerada, mas dor igual a da perda repentina e inesperada, ah, isso nunca.
Hoje eu vi a face da morte estampada em outros rostos.
Dona morte não se apieda quando decide chegar. Chega arrastando tudo como um vendaval, rasgando peitos e derrubando muralhas.
Para os que ficam é que está o grande desafio: sobreviver depois.
Para os que se vão, isso ninguém sabe e se sabe não tem como relatar.
Vi a dor gritando no desespero de uma mãe.
Vi a dor resignada na face sem lágrimas de um pai.
Vi também a dor e não menos intensa no choro contido do irmão, companheiro e amigo que se sentia perdido diante da impossibilidade de fazer algo que pudesse reverter tudo.
E vi a dor de um rosto já machucado pelas lágrimas de uma mulher que de um instante para outro perde o amor, a cumplicidade, a presença constante.
Diante de tudo isso, tentei conceber o tamanho dessas dores e percebi que era impossível e que para isso eu teria que vivenciar também o mesmo tipo de dor.
Imaginei como a vida é frágil e o quanto o amanhã não nos pertence. Só temos o momento de agora, os instantes do hoje e nada mais.
Pedi a meu Poder Superior que me desse mil vidas e me tirasse todas, mas que nunca eu precisasse sentir na pele a dor da perda de quem mais amo.
Sei que Ele me ouviu e espero que tenha dado o recado para dona morte e que ela não faça trapaça comigo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009



A vida sempre fora assim de uma certa estranheza, talvez não tenha vindo ao mundo por muito tempo, uma breve passagem, um andar sem pegadas, um gemido de alma.
Suas palavras são como suspiros, disse ele, e foi embora.
E o vento continuou a balançar seus cabelos e a vida continuou estranha como sempre.
Passos lentos nos dias que passam em desalinho e o vestido cola no corpo fazendo uma carícia, fingindo ser o que não é.
Risos em rostos estranhos, brilhos em olhos que desconhece e pétalas de flores já secas guardadas no fundo do peito.
Frases tortas, desconexas, alheias a tudo o que passa ao redor de seu mundo sem cores e um pássaro que canta ao longe uma canção derradeira.


Nasci às avessas, cresci para o lado oposto do que se julga certo.
Nunca segui padrões, fujo deles até hoje, não gosto de linhas retas, de caminhos exatos, de certezas tolas.
Minha mente é uma tempestade de idéias, nada consegue fazer com que ela fique parada. O mundo das palavras me seduz feito anfetaminas.
Sou definitivamente louca. Nem todas as chaves de fendas do mundo conseguiriam apertar os parafusos de minha cabeça.
O amor é o que me guia, de resto sou incerteza, sou fugaz, sou vento.
Minha alma anda solta, procurando abrigo na poesia que me embala, e nos sonhos que me fazem grande.


Na mansidão desta tarde que quase chega ao fim.
Neste silêncio de ocaso onde meu coração teima em te chamar feito potro sem rédeas qua sai a galope numa disparada louca.
Neste entardecer sombrio de saudades onde o canto de um pássaro distante me traz a lembrança de teu riso que me chama quando estou só neste meu mundo de abandonos.
Neste imenso cinza beirando a noite que chegará com estrelas e brilho de lua.
Nesta hora de louca e triste solidão é que mais sinto a tua falta.



Na areia da praia eu escreveria
todas as palavras que tenho pra te dizer
deixaria que as ondas levassem todas
e com a água salgada do mar
elas se uniriam
e ficariam guardadas para sempre
no oceano que tanto amo
Assim, meu amor por você
ficaria eternizado


me falas de beijos e flores
de pássaros que voam no azul do céu
me falas de sonhos e cores
de sinfonias de anjos
me falas de amores
de tantos amores
que até acredito
que sou uma fada
e num passe de mágica
no mais longo beijo
no mais terno abraço
deliro e me entrego aos teus encantos
sem querer mais voltar pra vida
sem querer mais sair dos teus braços

terça-feira, 15 de dezembro de 2009



Pedi ao vento
que te levasse meu amor
soprei à ele meu sentimento
Ele saiu de mansinho
e foi espalhando flores
deixando no ar o perfume
da minha saudade



Vem com tuas palavras de flores
encher de aromas meus cantos
E com tuas asas de anjo
ir além das fronteiras
do meu infinito

Vem escrever com a língua
em minha pele um poema

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009



A tarde traz lembranças de um tempo bom
de cabelo ao vento e pés na relva
 um abismo de estrelas num céu refulgente
e uma lua nova onde trafegam astros

Nas árvores um pulsar de frutos crescendo
espalham um cheiro de maçã madura
e flores de laranjeira lembram carícias
que balançam brancas como leves dedos

E o tempo neste instante é tão somente isso
um bailado leve de borboletas
que colore o espaço livre e sem pressa
e graciosamente desenha a vida

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009


Sopra um vento na tarde mansa e cinza e um cheiro de mar que vem das encostas me chega e fecho os olhos.
Te tateio no ar e te procuro no nada onde meus dedos te desenham em braile ao sentir teus pontos.
Te respiro e te absorvo quando meu peito arqueja num respirar solícito e quente, num lampejo de olhos que faíscam feito farol na ilha ao longe que chama o marinheiro.
Te necessito como a lua da noite pra manter o seu brilho e sorri alta num céu de estrelas onde cometas brincam por sobre a pele.
Te quero vasto e não menos profundo pra que eu possa me espalhar em teu dorso e adentrar em tuas veredas.
E quando for noite alta e o universo se fizer cama te amarei com o fogo dos amantes saudosos e distantes e só então amor, é que ficarei só a sentir o teu cheiro.



A noite sussurra segredos pelos cantos
no corpo as mãos percorrem infinitos desejos
entre a penumbra do quarto e a chama da vela
olhares se encontram e faíscam vida
e os corpos cobertos de lençóis e beijos
fazem confidências de amor à lua


A vida é feita de sonhos.

Sonhos que bailam em minha mente e transformam minha vida num carrossel de emoções.

Sonhos românticos que deixam meu coração em festa.

Sonhos lúbricos que atiçam minha imaginação.

Sonhos impossíveis que sonho só pelo prazer de sonhar.

Sonhos bobos, sonhos leves que não mudam nada, mas que dão prazer e que sonho só de bobeira.

Sonhos nobres, legítimos que guardo com cuidado para realizar um dia.

Sonho dormindo os sonhos que não posso escolher
mas quando estou acordada é que acontecem meus melhores sonhos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


Chove aqui e chovem infinitas lembranças de ti
Algumas razões se perderam nos caminhos do adeus
Então uma canção triste acorda os pássaros da ternura
Como uma caricia de ventanias,busco-te dentro do mar

Quando teu sorriso invadia o espaço da noite sentíamos o som do coração
Quando os beijos floresciam, nosso sol brilhava em paz e não queimava
Hoje chove aqui e nenhuma distância é mensurável nem absoluta
Nenhuma poesia derruba o muro que escondeu teu tempo olvidado

Chove aqui e chovem as lágrimas que esquecemos de secar
Agora tudo teu ser se espelha nas poças que alagam as ruas e nada brilha alem de aqueles momentos.

Porque ainda chove.

Flavio Pettinichi- 08-12- 09


E te mostras assim
tão intenso em tua plenitude
que o mundo chega ser pequeno
quando tua presença
faz-se luz e poesia

E quando me tomas em teus braços
a vida roda feito catavento
e diante de ti meu coração se agita

E todas as minhas certezas
ficam prostradas
quando me penetras
com teus olhos de fogo

Deixe que tuas mãos fale
e na ponta dos dedos declare
teu amor por mim

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sou poeta
Tenho os pés nas nuvens
e a cabeça na terra


Tenho a essência dos sonhos, mas isso não faz de mim um elo perdido do mundo.
Se por um lado perco-me entre poesia e palavras que transborda meu coração de sonhos, por outro me encontro sempre caminhando na estrada do real que me mantém com o coração aberto e a mente acordada.
Trago dentro de mim um mundo perfeito, de cores e aromas que me fazem flutuar além do universo, mas sei que existe uma linha embora tênue que me mantém em sintonia com o palpável e que não me deixa fugir de vez do mundo vivo dos racionais.
A imaginação me cerca e me faz ultrapassar as fronteiras do previsível me dando asas que me permite voar e alcançar o mais distante sonho.
E se a poesia sussurra magia em meus ouvidos o cotidiano grita verdades e desvenda meus olhos.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009


Me encanta e me apaixona
as coisas simples e diminutas

O amarelo pálido da borboleta
que balança levemente suas asas
diante de minha janela

O andar vagaroso do caracol
que deixa na folha verde
marcas de seu úmido andar

O minúsculo brilho do vaga-lume
que dá voltas faceiro
pensando ser o dono da noite

O suave aroma que tem o espaço
que compartilha tua presença

E o leve bater dos cílios quando te vejo


O sol brilha na imensidão azul
as nuvens brincam de desenhar no céu
a brisa trás o cheiro do oceano
e minha alma cria asas longas

O vento beija meu rosto
e me sopra um segredo
trazendo a lembrança de um sonho
tão lindo e que agora é vida

A felicidade me abraça mansamente
e o universo murmura em meus ouvidos
ah! que ousadia não ouvi-lo
dizendo-me para ser feliz


O mundo é um imenso jogo de palavras
Um poema é feito de palavras
Amores e desafetos são feitos de palavras
Palavras fazem a guerra e a paz
Palavras ditam livros e acordos
Tudo começa
Tudo se finda
Tudo se resume em palavras



Olhos são janelas do mundo
que se abrem e fecham
com brilho de estrelas
e na íris refletem
o que vem da alma

Olhos são dragões de fogo
que cospem verdades
e que dizem de tudo
mesmo quando não queremos

Quando o amor chegar


Você vai parecer criança
adolescente, inconsequente
Vai querer fazer loucuras
andar descalço na chuva
dançar de braços com a lua
e sentir os pés nas nuvens

Vai acordar no meio da noite
e na memória só ter um rosto
um nome, um corpo
Vai sentir saudade de repente
vai querer abraçar toda gente
e vai sorrir para o nada

Vai fazer cara de bobo
e sentir aperto no peito
e vontade de carinho
de afagos, de beijinhos
de abraços e de carícias

É, não tem jeito...

Quando o amor chegar
não vai dar pra disfarçar
vai dar um frio na barriga
e ele vai estar estampado
em seu olhar



Quero teus beijos e o sabor da tua boca
quando a noite chegar mansa
e no silêncio meu corpo ansiar por ti

Quero tua mão e teu abraço forte
quando o dia se fizer triste
e a tempestade cair sobre mim

Quero uma vida plena de sentimentos
e que o sentido das coisas sejam vastos
para que não exista nenhum vazio de tua presença

sábado, 28 de novembro de 2009


Você tem o sabor das coisas boas da vida

O café quentinho na manhã de outono quando as folhas caem no chão e o brilho nos olhos diz que a vida é feita de coisas simples e cotidianas.

Você tem o encanto dos dias ternos em que se olha pela janela e um pássaro vem dar boas vindas com seu canto matinal de fazer nascer sorrisos.

Você é como a fruta que se colhe embaixo da árvore numa tarde de novembro quando as flores da primavera ainda deixaram no ar o perfume que carregou os galhos de nova esperança.

Você é chuva que escorre no chão e deixa verde as folhas onde os bichinhos passeiam quando volta o sol e as flores pintam-se de aquarela.

Você é o sentimento bom de colo amigo quando a dor maltrata e a vida coloca pedras no caminho, mas nunca te deixa caminhar só.

Um balão colorido nas mãos de uma criança é leve e causa grande alegria, mas é preciso estar preso para que o vento não o carregue para longe e se estourar para mais nada serve.
Assim acontece com algumas pessoas
que passam por nossa vida.
Triste comparação, porém verdadeira.

  

sexta-feira, 27 de novembro de 2009


Carta de Flavio Pettinichi (com sotaque. rsrs)

Muito bom...então eu te ouço e vou ate vc..o que Foi? porque o silêncio que rasga a noite como uma faca enloquecida? Porque a distância teima em se guardar num vidro de perfume?
Eu estou aqui, calmamente, mente-calma esperando o passar dos dias sem muito mais mistério que o meu prato de comida e um copo de água fresca...Porque assim é a vida do artista.Uma línea muito tênue entre a razão e a loucura, e será que os loucos nunca têm razão...E que toda razão não guarda o desespero da loucura.Não sei.Enquanto escrevo estas poucas palavras espavoridas como o medo das Hienas, vejo como o tempo é efêmero e como a minha alma é um descompasso alucinado de ventos.Será que os ventos anseiam algum destino?
Será que sentem o choque da sua essência contra o meu corpo salgado de mares e desertos? ..Não sei..Mas como seria bom um dia acordar ao teu lado, no quarto do lado, bater na porta e te dizer ." ei Amiga-amor..(porque para mim amizade e amor são a mesma coisa)o café já tá na mesa e o horizonte é uma linea azul que convida ao paseio...

Flavio Pettinichi para Lou Witt

domingo, 22 de novembro de 2009

Navegar

Uma vela agita-se num barco solitário mar afora.
Um horizonte à frente e um crepúsculo ao fundo contrastam e a vida pede passagem.
Uma névoa cobre o passado e o presente é escrito em uma página nova onde o mar desenha as letras molhando a beira das palavras e deixa escorregar nas entrelinhas que não haverá retorno.
A vela acena como em despedida e as ondas sussurram carregadas de saudade.
O vento sacode a passagem do tempo dizendo em câmera lenta que navegar sempre é preciso.
Nada mais resta além da certeza do momento e do azul que existe lá na frente.
Uma gaivota pousa no alto da vela e com seu grasnar de pássaro marítimo pede licença e saúda o sol que começa a brilhar.


Gotas da Manhã

Caiam as gotas entristecidas
Naquela manhã branca
Frias e solitárias
Cansadas...

Agradeciam
As cores apagadas das casas
O verde das árvores,
A força, a energia,
Que das gotas recebiam

Já lavada, a cidade adormecida
Envolta no branco, nada se mexia
Alguém sorria em algum canto
Talvez por algum encanto

Depois de caídas, já exauridas pelo esforço
Deixavam se levar a qualquer lugar
Corriam na direção que lhes convinham
Onde era mais fácil de escorregar

As retardatárias meio perdidas
Meio a contragosto, gotejavam aqui e acolá
Como em um último lampejo
Às irmãs tentando alcançar

Naquela manhã chorona,
As milhões de gotas solitárias
Lavavam minha mente
Que repentinamente, começou a despertar

Poeta Bardo

sábado, 21 de novembro de 2009


Planície e Vulcão

Um silêncio morno atravessa o peito
como vento brando em final de tarde
um campo de trigais balança o ouro
e a vida perfuma o ar com gotas de alfazema

O senhor do tempo desliga a magia das horas
o mundo fica inerte à espera do nada
as folhas balançam e deixam cair as flores
que o vento carrega sorrateiro e lento

Um rumor inaudível faz estrondos por dentro
sentimentos ajeitados queimam e esperam
como lava quente embaixo da montanha

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Coleção de memórias

Minha coleção de melhores memórias são as mais antigas
do tempo de menina
quando eu brincava com bonecas de milho
quando eu rolava dentro de pneus com os meninos ladeira abaixo
quando eu brincava no riacho com pedrinhas e fingia que sabia nadar
ahhh
quanta saudade
do tempo em que eu era menina pequena
e queria ser menina grande
hoje dentro da menina que é grande
existe uma vontade enorme
de ser menina pequena
mas o tempo não volta
e eu fico só
com minha coleção de saudades

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Floripa
Ilha da magia



Ilha de encantos, de lendas e mistérios
de sambaquis e praias de areias brancas
por ti me apaixonei e aqui fiz minha morada

Teus fortes com canhões antigos
que guardam da guerra vestígios e segredos
conservam-se imunes ao peso do tempo

Tuas lagoas de águas serenas e mar azul
onde os barcos navegam e as crianças brincam
com castelos de areia e mundos encantados

Ilha dos contos de Franklin Cascaes
que dá vida a seres misteriosos:
boitatás, lobisomens, fantasmas

Das bruxas que dão nós em crinas de cavalos
e que voam em suas vassouras mágicas
mar afora assombrando pescadores

Ilha das tradicionais rendeiras e da velha figueira
do boi de mamão com sua maricota
de braços longos e pernas compridas

De montanhas, praias e gaivotas
de brisa perfumada e sol dourado
de ondas que beijam com sal e espuma

Onde em noites de eterna magia
reflete nas águas a forma da lua
que formosa brilha e se rende
aos encantos da ilha

domingo, 15 de novembro de 2009



É o verão

Levanta menina
deixe logo de preguiça
que o dia já acordou
pegue seu lindo biquíni
sua canga e protetor
que o sol está chamando
e o asfalto já esquentou.

Barra, Jurerê, Costão do Santinho
Canasvieiras, Mole, Joaquina
Brava, Moçambique, Armação
Campeche, Morro das Pedras,
Lagoa da Conceição.

É o sonho do verão chegando
barulho das ondas batendo nas rochas
gaivotas, peixes, ondas, sol e mar
estradas cobertas de carros e gentes
caminhos que levam sempre ao mesmo lugar:
O mar! Ah, o mar!



Por LISA
Luiz Sergio Quintian Costa

Ela era estranha,
forasteira dela mesma...
Ia lisa, voltava áspera,
pegava maçã, queria pêra,
partia sal, juntava mel.
Ela entendia o por explicar,
não gostava muito de divagação,
trocava a paz pela calmaria,
podia ser Elisa, Helena, Maria.
Gostava de bocejar cantando,
ficava irritada, possuída,
quando perdia espirros sob o sol...
Certa vez, trocou o Mar Morto
Pelos crepúsculos de Irlanda...
Tinha vontade de ir Landa
e de voltar... Sayonara,
acenando lenços verdes,
abrindo leques afiados...
Tem gente que já nasce flor...
(Dá pra torrar amendoim
com todo este calor...)
Eu? Ah! Quem me dera
ter um ramo de estrelas, entretê-las...
Um feixe delicado com doze raios de luar,
ia pegar a brisa pela calma
e com ela te abanar,
ficar, assim, a contemplar,
como um crepúsculo de Irlanda,
o teu sorriso... se formar...

sábado, 14 de novembro de 2009



jasmineiro todo dia te vejo
e quando estás assim
enfeitado de flores
abro minha janela
só pra sentir o teu cheiro